Banquete persa em São Paulo
Halim Bademjam: uma pasta de berinjelas, lentilhas, paleta de cordeiro pilado e kashk, o tempero dos nômades usado desde a antiguidade. E um prato de rabanetes e ervas para acompanhar a refeição
Meu jantar no sábado foi um autêntico banquete persa. O casal Nasrin e Claudio Battaglia, que por quase 14 anos comandou o premiado restaurante Amigo do Rei –primeiro em Parati e depois em Belo Horizonte– está cozinhando em sua casa para grupos de 4 a 6 pessoas. Os jantares acontecem em uma casinha localizada na tranquila rua das Orquídeas, próxima ao metrô Praça da Árvore.
Tah Chin bo Morgh: tradicional receita de arroz com açafrão e frango, aqui enformada e dourada, uma beleza. Decorada com Zereshk, uma frutinha seca típica do Irã que contrasta com seu gostinho adocicado
Ashe-e Anar: a sopa de romã, muito aromática e com leve acidez. Única, de sabor peculiar.
Nasrin, especializada em cozinha persa, também realiza eventos, prepara refeições sob encomenda e vende pratos congelados. Mas nada se compara à experiência de jantar em sua casa, ouvindo suas estórias, divertidíssimas, sobre sua adaptação desde que chegou ao país, vinda do Irã. Claudio fala dos pratos com a mesma devoção que demonstra pela esposa e por Iramaya, a filha do casal, o que torna a refeição um momento muito especial.
Cotelete: bolinho de carne com batata e especiarias, onde o açafrão se destaca. O açafrão é o tempero nacional e está presente em quase todas as receitas da culinária persa
O menu é definido em conjunto. Nasrin envia opções de pratos e os clientes indicam suas preferências e restrições alimentares. No fim, o banquete vai sendo finalizado e servido enquanto os aromas, peculiares e envolventes, invadem a sala. Um programa imperdível para quem gosta de comer bem.
Borani: combina iogurte com especiarias e vegetais. Por cima dele derrama-se chá de açafrão. É servido como prato, guarnição ou até acompanhamento para limpar o paladar. Mas é maravilhoso até para comer sobre o arroz puro. Esse tem que pedir, certeza!
Um dos hábitos que aprendi é o de comer com a colher, usando o garfo para segurar os alimentos para o corte. Bom, eu adoro comer com colher, ainda mais pratos cremosos. Aqui, o Borani, o Tah Chin e cubinhos de frango cozidos com açafrão.
Fesenjam: esferas de carne envolvidas num molho denso e perfumado de romã e nozes servido com arroz basmati. Muitos sabores, aromas e texturas em um único prato, foi o ponto alto da noite. A foto é do Robert Serbinenko, fiquei tão empolgado que me esqueci de fotografar!
Antes dos doces, um chá preto do Ceilão, muito apreciado pelos iranianos, e que combinou muito bem com os pratos do jantar
As sobremesas foram um caso à parte. Ranghinack: tâmaras recheadas com nozes e especiarias envolto em um creme “sólido”. Um doce que evoca o deserto: é arenoso e ‘esquenta’ a boca. Uma maravilha, só provando para ver. E Cake-e Pesteh, o bolo de pistache servido com chantilly.
Detalhe do Ranghinack, receita secreta que a chef não revela
O preço por pessoa é de R$ 95 – para uma mesa com quatro. Mas se você reunir seis començais, o valor pode cair uns 10%. E o Claudio e a Nasrin nem cobram a rolha, para vinhos levados. Ou seja, aqui você não precisa ser amigo do rei para ser tratado com majestade. Uma preciosidade.
Amigo do Rei
Contato: (11) 5594-3826 e (11) 98243-3956
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