Maloca do Orlando: viajei

Marcelo Katsuki

Navegamos pela orla de Belém até a Maloca do Orlando, um restaurante na beira do rio – na verdade sobre o rio – num passeio capitaneado pelo chef Sérgio Leão. No trajeto, de quase meia hora, passamos por cenários tão sublimes que me fizeram dar um pause interior e refletir, enquanto observava tudo de pé tomando a brisa fresca do rio. Cheguei todo descabelado, mas foi mágico.

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O trajeto corta ilhas passando por “furos” (canais estreitos do rio) onde habita a população ribeirinha. A mata é fechada e o silêncio só é interrompido pelo som dos animais e das crianças que brincam próximas à margem. A vontade de pular na água é grande mas maior é o medo da cobra.

 

Entrando num ‘furo’. Mas chega de conversê, vamos aproveitar as imagens…

 

Opa, chegamos! A Maloca do Orlando fica debruçada sobre o leito do rio e o acesso vindo de Belém é feito apenas através de barco ou jetski.

 

A brisa é constante e o clima, fresco, uma bênção. E nada de caixa de som rolando música alta, só o barulho do rio, dos pássaros e dos privilegiados comensais. E apesar de tanta exclusividade, não gastamos nem 40 pratas por pessoa para um banquete amazônico.

 

A cozinha fica em terra firme, acessada por passarelas longas e estreitas. Ainda bem que eu não estava bebendo.

 

Os produtos, inclusive os peixes, seu Orlando compra diariamente no Ver-o-Peso. Ou seja: tudo fresquinho, vivo. Olha a cor desses tomates!

 

Gostei dessa cozinha isolada. Pedi licença e fui fuçar a salinha dos fundos…

 

…onde os filés de filhote pedidos assim que chegamos já eram preparados.

 

Começamos com a casquinha de caranguejo (R$ 5 a unidade) com bastante farofinha, feita com farinha de suruí e manteiga.

 

Tomamos suco de cacau com a fruta apanhada no pé ao nosso lado. E comemos a fruta também, para provar sua doçura natural. O suco nem precisa de adoçante.

 

Chorei quando vi a ‘dose’de camarões no bafo (R$ 38), porque não podia comer muito. Provei uns cinco e segurei a onda por conta do ácido úrico.

 

Enquanto isso, alá nosso filhote estalando na brasa da cozinha com vista pro rio.

 

Pronto, chegou. Um filé de filhote enorme (R$ 40) com arroz, feijão com todos os temperos, vinagrete e a farinha de suruí torrada com manteiga. Gostei tanto que comprei um litro da farofa e trouxe para São Paulo.

 

De sobremesa, açaí batido na hora com farinha de tapioca (aquela, do bolo podre!). Comi puro e depois adocei para ver a diferença. A idéia era comer o açaí com carne seca, mas tinha acabado. Achei curioso.

 

Fui caminhar pelas passarelas sem fim. Momento ‘digressão da vida’. “Eu poderia morar naquela casinha branca… oh wait! É o banheiro do restaurante”. Imagina à noite o povo beubo tentando chegar na casinha? Dava para fazer um documentário, rs.

 

Na camisa do seu Orlando, uma mensagem subliminar.

 

“Ficar”. Mas a embarcação já partiu e o sonho acabou, bebê. Segura a onda.

 

O barco acelera para fugir da chuva, a mente acalma para enfrentar a volta (a pessoa achando que é poeta sem nem ter bebido?)

 

No fim não choveu e nem você virou um indiozinho feliz: apenas engordou dois quilos.

Maloca do Orlando – Furo do Arapari – Tel. (091) 9145-1621

Comentários

  1. Maravilhoso! Belém não se conta pelos dias que voce passa lá e sim pelos Kg que voce ganhou!

  2. Já fui algumas vezes à Belém e não conhecia esse lugar. Da próxima não escapa!!!!

  3. Má, que lindas fotos! acho que vc relembrou os passeios que a gente dava de barco na infancia!
    bjooooo!

    1. Pois é, deu saudade mesmo. Acho que por isso fiquei tão emocionado, rs. Bjs!

  4. Kats,
    Arretada esta matéria!!! Você detalhou claramente o que é uma aventura dessa. Já fiz muito isso. Parabéns!!!
    Gm

  5. lugar lindo é por isso que me apaixonei por esta terra maravilhosa, e p/ mim vale o refrão muito usado por aqui. “Quem vai ao Pará, parou, tomou açaí, ficou” 🙂

    1. Acho que engordei mais dois, pois fiz o bolo podre hoje de novo, rs!

  6. A Amazônia é um paraíso. Tudo lá é magia e sonho. Belém é demais. Sempre que posso vou a Belém respirar vida sublime e imaginária. Adora o Pará. Tenho inveja dos paraenses que podem diariamente usufruir de tanta coisa maravilhosa. Em julho quero conhecer Salinas, na costa Atlântica do Pará. Já me disseram que é simplesmente deslumbrante a praia do Atalaia. Parabéns pela matéria e fotos

    1. Obrigado, Alberto! Também quero conhecer a praia do Atalaia um dia, já me falaram maravilhas de lá! ABs!

  7. Bugatti, realmente as paisagens são belas e te digo que pelo que vi, a cozinha é simples mas limpa. Quando fui encomendar a farofa, por exemplo, ela estava guardada em um pote fechado e colocado em um saco plástico adequado. Vá, deleite-se com as paisagens e coma, rs!

  8. Realmente, sentiste tanto prazer em está em um lugar, que até a poesia fluiu, realmente o Pará tem muitas belezas, pouco valorizadas é verdade, tb pouco conhecida e respeitada, diferente do que falam e às vezes tentam mostrar, não tem só índio para as bandas de cá, pode não ter toda sofisticação de grandes restaurantes,nem toda industrialização de uma cidade como outras, mas temos respeito, sabemos tratar bem quem vem nos visitar e acima de tudo temos humildade para reconhecer que precisamos melhorar, venha conhecer o Pará e outras belezas além dessas mostradas pelo sr Marcelo tenho certeza que não irão se arrepender.

  9. minha terra é maravilhosa,o que as pessoas pensam que é coisa de indio aqui é vida boa, comida boa, e sossego!
    valeu a materia!

  10. Que saudade da minha Belém das mangueiras!!! Este local é apenas um dos muitos “lugares mágicos” que o Pará possui. Quanto orgulho de ser paraense!!

  11. NÃO SOU PARAENSE,MAS NÃO POSSO DEIXAR DE VALORIZAR ESTAS COISAS LINDAS E GOSTOSAS, Q SÓ EXISTEM NESSA IMENSA AMAZÔNIA, E QUE, MUITAS PESSOAS DESCONHECEM. ANTES DE SAIR AINDA QUERO CONHECER ESTE LUGAR MARAVILHOSO..

  12. Obrigado, Letícia! Aqui em São Paulo tem um restaurante na Av. Rui Barbosa (Bixiga) chamado Amazônia, que tem um menu cheiode comidas paraenses. Já comi lá e gostei muito. Abs!

  13. Magia e sedução…do povo da floresta! Paisagem amazônica, iguaria ímpar, folclore sem igual…
    Minha amada Belém e arredores, a saudade me aflora ao ler a excelente reportagem e “curtir”as fotos.
    Parabéns Marcelo Katsuki!

  14. Simplesmente me emocionei muito com o detalhamento que voce deu a este lugar maravilhoso, e com toda certeza verificarei in loco esta maravilha, obrigado pela dica

  15. Sempre que navego pelos furos, e sempre que sobrevôo a paisagem, chegando em Belém de viagem, só consigo pensar no famoso carimbó que embala as lembranças da minha infância “esse rio é minha rua…”

    Adorei as fotos, o texto e a dica pra eu repassar pros amigos em SP! =D

  16. Que linda materia vc fez eu sou filha do orlando e fico muito feliz pelos bons comentarios q vc fez sobre o nosso restaurante obrigada bjus…

    1. A Maloca do Orlando agora é a minha saudosa maloca, Janice! Abs!

  17. Pelo menos uma vez ao mês eu vou la! O trejeto é bom, pois é muito divertido passear de jete a comida então…!

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