Casa Garcia: bocadillos na Augusta

Marcelo Katsuki

Depois de perder duas horas na Receita Federal para recuperar o número do recibo da declaração do ano passado –e descobrir com a segunda atendente que não é mais obrigatório declarar esse número– atravessei a rua Augusta e fui na Casa Garcia comer o pavê com doce de leite que o Goos tinha me indicado.

 

O local, um pitoresco empório de 44 anos cheio de paelleras e jamóns pendurados no teto, é um daqueles lugares perdidos na cidade e que têm uma aura especial. Embora seja uma mercearia cheia de produtos espanhóis, muita gente vai lá apenas para lanchar ou fazer um almoço rápido.

 

Você pede o seu sanduba no balcão (de 4 a 12 reais) e vê os frios e queijos sendo fatiados na hora sobre o seu pão. Tem desde pastrami e mortadela até salpicão e mussarela de búfala. E claro, jamón espanhol do bom.

 

Comi um de Presunto Royale com queijo emmental (R$ 6) e peguei um matte (R$ 2) direto da geladeira enquanto observava a movimentação de executivos e estudantes que dividiam o apertado balcão e não paravam de comentar o local: “Irado!”

Fiquei tão satisfeito com o meu sanduba que quase me esqueço do pavê do Goos (R$ 3) brilhando no balcão refrigerado. Uau, que coisa boa! Simples, gostoso, comovente até: um pavê firme, de fatiar, com um creme delicioso e cobertura de doce de leite. Me arrependi de não ter comprado mais para viagem.

 

Nas prateleiras e geladeiras, cavas, piñoles, chorizos e quesos. Ao fundo, seu Baltazar e alguns clientes hablando um portuñol lascado e, pumba: me transportei pra Champanheria de Barcelona — e olha que eu nem tinha tomado cava! Claro, viajei na maoyonesa, mas são essas pequenas emoções mágicas que fazem a graça de lugares como a Casa Garcia. Me encanté.

 

Casa Garcia – Rua Luís Coelho, 128 – Cerqueira César.  mapinha aqui

Segunda a sexta das 7h às 20h. Sábado das 7h às 13h. Tel.: (11) 3805-0457 / 3805-0875

 

Comentários

  1. a melhor coisa é o tremendo mau humor dos donos ahhh o pavé também continua como sempre delicioso

    1. engraçado, nao achei mal humorado, até ri quando ele fez uma brincedeira no caixa! dei suerte? rsrs

        1. Não é tremendo mau humor, não. É o tremendo jeitão típico dos espanhóis, que faz parte de sua cultura.

          1. É verdade, mas realmente tem uma coisa que deixa um deles realmente de mal humor:
            – É vc pedir para montar um sanduíche com ingredientes que não combinam.
            Mas se a gente pede um palpite para montar um especial ele escolhe os ingredientes que sempre surpreendem. Fica tudo perfeito.

    2. Eu vou lá toda semana e me divirto com eles (soy argentino y hablo castellano perfectamente) nos enchendo o saco reciprocamente por causa do sotaque de cada um de nos.

  2. Salve Kats!

    Parei nesse Pavê. Irei e não repetirei a piadinha boba. Não ficarei só vendo.

    GRade abraço.

  3. Marcelo, muito bom seu blog! Conheci ontem por acaso após procurar receitas de Maqluba. Depois fui vendo o seu blog e percebi que tem um espaço bem legal sobre a gastronomia paraense, que por sinal, é a minha terra natal! O fato é que agora eu estou morando aqui em São Paulo e vou tentar seguir as suas dicas gastronômicas. Mas uma dúvida que eu sempre tive, com o seu e com outros blogs de gastronomia, é na hora de bater fotos dos pratos. Como você faz? Você se identifica, pede autorização para bater as fotos? Pergunto isso, porque por várias vezes quis fazer blogs de gastronomia e fico me perguntando se os donos dos restaurantes não se importam se alguém fotografar suas criações, desde a mais simples coxinha de um boteco da esquina até pratos mais elaborados de restaurantes mais estrelados, por exemplo. Aproveitando, pergunto se alguma vez você passou por alguma situação desconfortável em relação a isso?
    Abraços,

    Samir El Husny Filho

    1. Ih, já levei tanta bronca, principalmente na Liberdade. Tem lugar que é proibido fotografar. Tem dono de restaurante que acha que tô copiando o cardápio. Fotografe sem pedir, é melhor. Mas seja rápido, rs.

  4. Vou nesse na próxima! Estava em dúvida entre a picanha e o jamón! Valeu!

  5. Esse seu post veio na hora certa, esse fds estava me lembrando de uma sorveteria que tinha na Barão de Itapetininga nos anos 70/80 que tinha esse pavê,e eu adorava.Moro no centro e não conhecia esse lugar,vou urgente conhecer.
    Mas vc bem que poderia “tentar” conseguir essa receita né? kkkk
    Adoro seu blog,bjs.

  6. Katsuki, sempre passei em frente, moro no bairro e nunca parei para entrar. Me surpreendi com as fotos – principalmente do pavê !!!!! Mais ums vez, super dica !!!! Obrigada !!!!

  7. Meus pais tinham loja na frente do antigo Caesar Park da Augusta, e conheço o local desde o século passado… 1976, por aí…
    Faz muito tempo que não vou, e fico feliz que continue firme e forte, e hoje até lembra um pouco as deli’s, tão comuns em NY.
    Obrigado por me relembrar desse lugar fantástico, e vou correndo pra lá, “asap”.

    1. son dos españoles de Aragón! eu encho o saco deles chamando-os de gallegos. rsrsrs

  8. tem uma placa pequena conforme a lei… Kassab proibiu placas grandes….. e o pavê é divino… dá pra comprar a uma bandeja… é muito bom mesmo…

    1. Sabe que pensei em comprar uma bandeja para a próxima festinha? Muito bom!

        1. Acho que tô ficando obcecado por ele, rs. Vou lá amanhã com um tupperware comprar mais, rs!

  9. Trabalho lá perto e frequento o local. Tem um senhorzinho no balcão dos frios que é um amor, mas o que fica no caixa é de uma grossura só.

  10. Adorei a dica! Já passei centenas de vezes em frente e nunca percebi. Parabéns pelo blog, Marcelo. É ótimo!!

  11. Nossa, fiquei com vontade de conhecer esse lugar… Ainda mais se tem aquela aura da Champanheria de Barcelona. Gosto de lugares assim. Como o Le Baron Rouge em Paris também… Já tá na agenda da minha próxima ida a SP. Aliás, aqui em Floripa tem uns lugares como esse, e que caberiam no teu blog.
    P.S. Adoro dar umas passadas por aqui de vez em quando não só pela informação, mas pelo estilo de texto que deixa a gente sempre com vontade de le mais (e de ir a todos os lugares indicados!)

    1. Maristela, como disse, eu viajei na mayonesa, rs. A Champanheria tem aquele clima de balada, muita gente; aqui no Garcia é mais tranquilo, é um armazém. Mas vale a pena conhecer. Abs!

  12. Olá, Marcelo!!
    Adoro seu blog…Suas dicas sobre Londres ano passado foram super úteis na minha viagem!! Parabéns!!

  13. Legal, Claudio. Falando nisso, preciso voltar lá para outro pavê!

  14. Marcelo, estive lá ontem, o pavê maravilhoso, atendimento de primeira e o senhor no caixa, quando eu mencionei que havia lido no seu blog sobre o lugar, disse que não te conhecia e não lembrava do dia que vc havia ido lá. Por favor, se identifique a ele, pois eu percebi que muita gente esta indo lá dizendo que viu sua indicação!!! Bjs e valeu a dica!

    1. Oi Alessandra, é verdade, algumas pessoas me escreveram falando que eles pediram para eu voltar lá. O que não será nenhum trabalho, pois quero comer aquele sanduba e o pavê de novo, rs! Já me identificar… morro de vergonha, rs!

  15. “O local, um pitoresco empório…”
    Certamente já li isso antes! Rs!

  16. Você nos faz descobrir lugares que nunca imaginei existirem….. passo por ali um milhão de vezes e nunca tinha percebido essa casa…. valeu!!

    1. Olha, esse lugar é muito bacana. Mas não saia sem comer o pavê!

  17. Nossa, frequentei este lugar a 13 anos atrás , estava com muita vontade de comer aquele pavê , e resolvi procurar na internet para ver se ainda estava funcionando, quando vi o pavê fiquei enlouquecida que delícia estou indo amanhã levar a minha filhinha de 4 anos para provar já estou vendo a carinha dela.
    obrigada por me proporcionar boas lembranças.

  18. Opa, mais uma dica para minha próxima ida a São Paulo. Isso é que é boa gastronomia, respeitados os gostos de todos.

  19. Tenho 76 anos,nunca comi este tal de jamon,pensei que ia morrer sem comer esta delícia, porque é muito caro,mas parece que neste emporio é bem mais barato,quero comprar pelo menos 1 quilo deste jamon

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