Queima do Alho: resgate da cultura caipira

Marcelo Katsuki

Seu Osvaldinho Berranteiro convoca os peões reunidos no alto da Av. Brasília, entrada da cidade de Araçatuba, ao som do seu berrante. São 9h da manhã e vai ter início a cavalgada que atravessará a cidade rumo ao Parque Clibas de Almeida Prado, onde acontecerá a Queima do Alho, evento que resgata a tradição da culinária das comitivas de tropeiros do interior paulista e vem sendo promovida desde 2008 na cidade.

 

 Essa Queima do Alho fez parte da festa de encerramento da 7ª Semana Tião Carreiro.

 

A festa ocupa uma bonita área verde e recebe em média mil participantes. O evento nasceu do empenho da Presidente do Centro de Tradições Culturais de Araçatuba, Cláudia Colli, que o realizava na rua, até ser abraçado pela vereadora Beatriz e pelo prefeito Cido Sério e ser transferido para o recinto da Expo.

 

O local é bastante arborizado, tem um amplo gramado, uma capela e uma casinha rústica com poço além de estacionamento. Durante o almoço aconteceram shows com duplas de música sertaneja e apresentação da Catira, uma dança típica que estava esquecida mas também vem sendo resgatada na cidade.

 

As cozinhas das comitivas, seis nessa edição, são recriadas de forma fiel, com fogareiros de madeira bem próximos ao chão. Nas etapas oficiais é proibido o uso de botijão de gás.

 

Cozinha da Comitiva Anhangaí, que representou Araçatuba na etapa final de Barretos.

 

A festa é aberta ao público e é frequentada por muitas famílias. Cada comitiva é representada por uma cor, que deve ser indicada na hora da compra do vale por R$ 10. Depois da primeira rodada, o participante pode repetir o prato em qualquer uma das comitivas.

 

Os produtos usados no preparo dos pratos ficam expostos nas cozinhas dos peões

 

Paçoca de carne socada no pilão com farinha, charque e pimenta. Dá para ficar comendo pura

 

Arroz carreteiro e feijão gordo, que também fazem parte do cardápio, além do churrasco.

 

A salada é opcional, mas muitas barraquinhas oferecem.

 

Meu terceiro e favorito prato: o da Comitiva Anhangaí. Quero ser tropeiro!!!

 

Uma comissão julgadora, formada por quem entende do assunto, visita todas as cozinhas e prova os pratos antes da abertura para o público, que assiste aos shows enquanto espera na sombra.

 

Os quesitos de avaliação, que envolvem desde o traje e desfile até a comida.

 

Cada cozinha recebe uma fila de acordo com a cor do seu convite. É como uma feirinha gastronômica, só que com comidão e ao ar livre: não podia ser melhor!

 

 Até o prefeito entrou na fila. Quem resiste a um arroz quentinho?

 

Apresentação da Catira, dança típica da região, formada por oito pessoas sapateando no tablado ao som de uma dupla de violeiros.

 

 Vestimenta tradicional do tropeiro, com os facões presos nas costas

 

Comitiva uniformizada. Nos eventos oficiais, apenas os homens podem cozinhar, mas como esse fazia parte de uma festividade, teve mulher e até fogão à gás.

 

 Até o galo passa bem nessa festa.

 

Vista geral do evento. Fez um dia lindo, perfeito para celebrar o resgate dessa tradição bacana que é a cozinha caipira. Ah, o Circuito da Queima do Alho também tem uma edição aqui na capital com uma etapa programada para novembro. Infome-se clicando aqui.