Chef Janaina Rueda reformula a merenda das escolas estaduais

Marcelo Katsuki

Meu café da manhã na terça-feira foi um prato de arroz com strogonoff. “Arroz logo cedo, como no Japão, né?”, brincou a chef Janaina Rueda, uma das responsáveis pelo projeto de reformulação da merenda escolar do Estado. Eu tinha ido conhecer o programa piloto que a chef está conduzindo em uma escola da capital, lá na Bela Vista.

 

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Giorgia Russo, Angélica Santana e Janaina Rueda na cozinha da E. E. Maria José

A chef do Bar da Dona Onça uniu-se à nutricionista da Secretaria da Educação, Giorgia Russo, para juntas redefinirem o programa de merenda das escolas estaduais, eliminando os enlatados e comidas prontas e fornecendo comida preparada no local com produtos in natura.

Giorgia entrou para a Secretaria no início de 2015 e logo começou a desenhar o projeto. Para que ele pudesse ser concretizado, todas as escolas foram padronizadas, tendo no mínimo uma merendeira e equipamentos básicos como freezer e panelas de pressão. Janaina abraçou a causa no começo desse ano e tem trabalhado com afinco.

 

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A chef tem criado cardápios balanceados montados com os ingredientes disponibilizados pela Secretaria. O menu roda a cada duas semanas e tem desde pratos vegetarianos a macarronada com moela. Quando perguntei se os alunos não torceriam o nariz para os miúdos, Janaina justificou: “A alimentação também é uma forma de educar os jovens e os miúdos são ricos em proteínas, devem fazer parte da dieta. Além disso, todos os pratos serão avaliados pelos próprios alunos e apenas os que tiverem 85% de aceitação entrarão para o cardápio”.

Essas receitas irão compor uma cartilha que será distribuída aos alunos, para que eles possam levar e executar as receitas em casa. “Usamos ingredientes simples e baratos mas com grandes resultados”, conta a chef. Giorgia ressalta que a melhoria é enorme mas que isso não alterou em nada o orçamento da merenda: “Foi tudo elaborado dentro da previsão de custos”, afirma.

 

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O projeto piloto está sendo executado na Escola Estadual Maria José, na Bela Vista, onde a chef estudou. “Foi uma forma de retribuir tudo o que aprendi aqui”, contou Janaina. A merendeira Angélica Santana está tendo o privilégio de trabalhar diariamente com a chef. “Gosto tanto de oferecer o melhor para os alunos que às vezes até trago ingrediente de casa, como a farinha para fazer o pirão”, conta Angélica.

Os alunos fazem fila para experimentar a novidade. “A comida antes era sem graça, agora está mais gostosa”, conta uma aluna. Outra lembra que a comida pronta era irregular: “Agora tem mais tempero, até o arroz está mais gostoso”.

 

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Vencida essa etapa, Janaina irá treinar 210 merendeiras das escolas da região central de São Paulo. O projeto deve atingir 7 mil merendeiras de 2.500 escolas de todo o Estado nos próximos dois anos. São mais de 1,8 milhões de refeições por dia. Mas as escolas estaduais administradas pelos governos municipais não participam do projeto.

“Meu próximo desafio será desenvolver comida para hospitais, porque até para presídio, eu já fiz”, anuncia Janaina, a incansável chef que atende quase 30 mil clientes mensais em suas duas casas na capital. Haja energia!

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse o site Alimentação Escolar.

Fotos: Marcelo Katsuki/Folhapress