Visitar uma vinícola é programa imperdível para quem vai a Santiago, no Chile. E como tínhamos reservado apenas um dia para isso, escolhemos uma próxima, a Viña Cousiño Macul. Ela é a mais antiga da região metropolitana, dá até para ir de metrô e táxi –e foi o que fizemos. A dica foi do Marcel Miwa, jornalista especializado em vinhos, e que também havia indicado a Viña Aquitaña, mas nessa não conseguimos vaga, concorridíssima.

Entrada da Viña Cousiño Macul com a cordilheira ao fundo.

Fizemos apenas o agendamento pelo site da vinícola, o pagamento é feito lá no momento do tour. Há dois passeios: o Tour Regular (R$ 76) com degustação de 4 vinhos, e o Premium (R$ 130 – preços aproximados) com degustação de 6 vinhos, queijos e meia garrafa  de presente. Pegamos o metrô até a estação Quilin e de lá seguimos 5 minutos de táxi, o que custou uns 20 reais no total.

O local é bonito, com muito verde e bem sinalizado, não tem como se perder. O trajeto até a recepção é curto e tranquilo, sem aglomeração de gente e nem barulho, uma beleza.

O tour começa com um passeio pelo vinhedo, que já teve 1.100 hectares e hoje conta com apenas 100. Aqui são cultivadas as castas Merlot e Cabernet Sauvignon.

Tivemos sorte: estamos na época da vindima, a colheita das uvas, então as videiras estavam carregadas, e provamos as uvas bem maduras, direto do pé.

Aprendemos sobre a colheita, recepção e seleção das uvas, tudo feito manualmente com a ajuda de esteiras rolantes. Vimos os modernos tanques de fermentação em inox e os antigos tonéis de carvalho (foto), com capacidade para até 32 mil litros.

A cave subterrânea é uma parte surpreendente do passeio. Feita no final do século 18 tem arquitetura francesa e consegue manter a temperatura estável em 14ºC durante todo o ano. No final do tour ainda conhecemos um pouco da história dos processos de produção utilizados pelos primeiros produtores em uma sala cheia de objetos de época, mas um pouco escura.

Eis que chega a melhor parte: provar os vinhos. Quem optou pelo Tour Regular faz a degustação na área externa em meio aos jardins, de uma maneira mais informal e rápida.

Como optamos pela Premium, fomos encaminhados até uma sala subterrânea onde foram servidos os seis vinhos com os queijos para que experimentássemos as harmonizações.

Degustamos um riesling (Isidora), um chardonnay, um merlot e um syrah (Antiguas Reservas), um cabernet sauvignon (W) feito com exclusividade para o mercado coreano, e um assemblage de cabernet com merlot chamado Finis Terrae.

Cesar, que conduziu a degustação, deu dicas básicas mas muito úteis para a harmonização. Por exemplo: riesling e sauvignon blanc têm acidez e lembram “limão”, então vão bem com saladas, mariscos e até hambúrguer e fritas, para cortar a gordura.  Chardonnay é um vinho elegante e “cremoso”, que vai bem com pratos cremosos como massas, risotos, peixes gordos, cremes, sopas.

Syrah, basta pensar em Síria. Suas notas de frutas negras, compotas e couro vão bem com cordeiro, kafta, pato, carnes gordas. Pinot noir, o “branco dos tintos” é leve então vai bem com carnes brancas, saladas e principalmente com cogumelos. O carmenére, uva símbolo do Chile, vai bem com comidas locais, como empanadas e pastel de choclo.

Terminada a aula, você pode comprar vinhos e souvenirs na lojinha, mas encontrei preços mais baixos nos supermercados Lider, espalhados por toda a cidade –ou no Jumbo, no Costanera Center. A menos que você queira algum vinho muito especial, pois no mercado você vai encontrar as linhas básicas.

Resolvemos estrear as taças e tomar os vinhos do passeio ali no vinhedo mesmo. A vinícola não tem um jardim para isso, apenas algumas mesas funcionais na varanda, uma pena. Resolvemos improvisar um piquenique no gramado junto às videiras, fui preparado, rs. Só não contava com o irrigador que foi acionado tão logo abrimos a toalha. Gente, que banho! Parece que o jardineiro de lá não gosta que pisem na grama!

Apesar de conhecer muitas vinícolas, inclusive no Chile, fiquei encantado com a estrutura que essa oferece aos turistas. É bem localizada, tem vinhos bons e acessíveis, um tour didático e sem muvuca. Recomendo! Ah, no final estávamos cansados e resolvemos pegar um Uber para voltar para a região central, no Cerro Santa Lucia, onde ficamos. O preço do trajeto? 30 reais. Esquece o metrô…

Viña Cousiño Macul – mapinha aqui
Av. Quilín 7100, Peñalolén, Región Metropolitana, Chile – Tel.: +56 2 2351-4100