Oleiro, no Recife, renova a cozinha nordestina com valorização de produtos locais

Marcelo Katsuki

Último dia no Recife e a gente faz o quê? Vai conhecer um novo restaurante de cozinha brasileira, o Oleiro Cozinha Artesanal, do chef Claudemir Barros. A casa, localizada em Parnamirim, é toda decorada com artesanato de cerâmica pernambucana, daí o nome Oleiro, “artesão responsável por fabricar e comercializar objetos feitos de cerâmica”.

 

 

Claudemir é um grande chef e pesquisador pernambucano. O contato com a gastronomia começou cedo, com a mãe, cozinheira de mão cheia e que trabalhou por mais de 17 anos no Leite, tradicional restaurante da capital pernambucana.

O que mais me impressionou no enxuto menu do Oleiro foi a originalidade e a certeira seleção de pratos: fica difícil escolher qual comer. Por isso, a opção de menu degustação se mostra uma ótima alternativa, com 3 etapas por R$ 90 ou 5 passos por R$ 130. Seja qual for a sua escolha, o prazer está garantido. O restaurante tem uma cozinha afinada e rica em sabores regionais. Como define Claudemir, “a cozinha do Oleiro é brasileira com os dois pés no Nordeste”.

 

A tábua de frios (R$ 45) traz uma estimulante amostra de produtos da região, como salaminho e presunto Yaguara, requeijão de corte Campos da Serra, queijo coalho defumado, maxixe e geleia da vovó, feita com cajá. Acompanham pães de batata doce e de milho com erva-doce preparados por Sofia Mota, que cuida também das sobremesas.

 

O coalho defumado, iguaria produzida na fazenda Pedra Grande, aparece no carpaccio brûlée de coalho (R$ 25), acompanhado de tomatinhos e pesto. Daquelas entradas que fazem a gente querer voltar ao restaurante.

 

Os dadinhos de batata doce (R$ 25) remetem às causas limeñas mas são vigorosas: aparecem coroadas por rabada com agrião sobre um potente caldo de carne.

 

O polvo com umbu, couve-flor, farofa de cebola e praliné de castanha-do-pará (R$ 45) é uma entrada que impressiona pela maciez e sabor do molusco, e que pode até ser pedida como principal.

 

A casa é toda decorada com peças em barro de artistas como Zezinho de Tracunhaém, Nado de Águas Compridas e Daniel de Olinda. Não faltam os icônicos leões de Nuca –sonho de consumo que ainda habitarão a minha sala, rs.

 

Meu principal foi o peixe do dia (R$ 52), o prato mais pedido da casa, me falaram. O peixe é recheado com camarão e grelhado na folha de bananeira. Chega na mesa acompanhado por um delicado vatapá de jerimum e uma crocante farofa de amendoim. Você abre a folha e cobre o suculento pescado com um caldo de coco delicado e saboroso. Uma beleza.

 

O ossobuco (R$ 58), um corte tão emblemático do Nordeste, é cozido lentamente no próprio molho e vem guarnecido com lardo e um purê de fruta-pão aromatizado com chá verde.

 

O risoto de grãos (R$ 68) chega cremoso e tem seu sabor realçado pelo caramelo de umbu, vejam só. Sobre ele, camarões defumados com especiarias, que deixam a carne com um ponto mais firme e um sabor especial.

 

Detalhe da decoração do salão interno. A casa conta ainda com uma varanda e mesas ao ar livre em um pátio lateral.

 

A torta de banana nanica (R$ 22) foi aclamada por todos que provaram. Traz a fruta entremeada na massa e vem acompanhada por sorvete de doce de leite e toffe de caramelo.

 

A versão do Romeu e Julieta (R$ 22) de Sofia Mota, responsável pelas sobremesas, traz requeijão de corte Campo da Serra, que é coberto com compota quente de goiabada cascão caseira, sorvete de queijo e farofinha.

 

O bolo de bacia (R$ 19), um bolinho típico de Pernambuco, vem com quebra-queixo e sorvete de limão com uma haste de cana caiana.

 

Fachada da simpática casa, situada no bairro de Parnamirim.

O Oleiro tem uma cozinha afinada, que valoriza os produtores locais transformando seus ingredientes em joias da restauração. Perdoem o clichê, mas Claudemir Barros é, de fato, um grande artesão dos sabores.

Oleiro Cozinha Artesanalmapinha aqui 
Rua Albino Meira, 58, Parnamirim, Recife (PE) – Tel. (81) 3128-1708
Fotos: Marcelo Katsuki/Folhapress