O Micaela é um gostoso restaurante brasileiro que existe há 5 anos em uma esquina da José Maria Lisboa, nos Jardins. Passa quase desapercebido pela discreta fachada, mas sua cozinha apurada merece toda a nossa atenção.

O restaurante traz criações inspiradas de Fábio Vieira. São pratos que mesclam o repertório afetivo do chef, marcado pelo apreço pelas cozinhas paulista e minera com reminiscências espanholas, uma homenagem à bisavó, que empresta o nome ao restaurante.

Em suas últimas criações, Fábio flerta ainda com a cozinha japonesa. Do preparo de caldos à forma da apresentação, resultando em pratos mestiços que unem, por exemplo, o oniguiri (bolinho de arroz japonês) ao jambu, erva típica da cozinha amazônica.

O uso de ingredientes selecionados também se revela uma preocupação em sua cozinha. Recentemente o chef incluiu as carnes bovinas Origem Premium da raça Araguaia, com baixo teor de gordura mas notável sabor e maciez. A seguir, alguns dos pratos que já provei em algumas visitas feitas à casa.

O miniacarajé de massa de feijão fradinho é crocante e vem recheado com ceviche de polvo em lâminas (R$ 36 – 4 unidades). Uma bela combinação.

O pastelzinho de gema de ovo perfeito (R$ 30 – 3 unidades) chega à mesa já cortado, salpicado de farinha de torresmo. Um exagero de bom!

A carne Araguaia (R$ 56) vem rosada, macia e perfumada. Ela tem sabor delicado e baixo teor de gordura. Vem acompanhada do ótimo pão da casa, queijo de Pardinho, vinagrete de Jerez e flor de sal com pimenta de macaco.

O pato no tucupi (R$ 78 – na foto em porção dividida) traz um ragu de pato confit com pesto de jambu sobre um angu feito com fubá mimoso e tucupi, o caldo da mandioca brava. Uma versão que renova o tradicional prato da culinária paraense, e empresta ainda mais sabor ao conjunto.

O pirarucu (R$ 79 – na foto em porção dividida) é preparado como uma caldeirada, onde o caldo base tem tucupi e dashicô, a sardinha seca utilizada na cozinha japonesa. Vem enriquecida com cogumelos, acelga chinesa e acompanha oniguiris de jambu envoltos em alga nori. Uma composição ousada e surpreendente que remete à memória afetiva da cozinha dos imigrantes, com a imersão do gohan no caldo, mas renovada pelos ingredientes amazônicos.

O manjar branco (R$ 24) traz cupuaçu em sua composição, com um ótimo resultado. O caramelo é feito com rapadura e cumaru, a fava aromática conhecida como ‘baunilha brasileira’.

Imperdível também é o bolo gelado (R$ 28). Feito com coco queimado, chega imerso em caramelo quente de chocolate branco com puxuri, a semente que traz aromas de cravo, canela e aniz-estrelado.

Detalhes do interior desse restaurante, que é uma preciosidade. Fábio realiza uma cozinha autoral consistente e está sempre renovando o cardápio com suas saborosas criações. Recomendo!

Micaela – mapinha aqui
Rua José Maria Lisboa, 228, Jardins, telefone: (11) 3473-6849