Castelus, no Recife, renova sua cozinha regional com criações contemporâneas
Instalado no pátio do Instituto Ricardo Brennand, o Castelus Restaurante une sua caprichada cozinha nordestina ao belo cenário local, formado por palmeiras e árvores centenárias. A entrada monumental conduz para o restaurante e também para o museu.
O chef da casa é o também restauranteur Abdo Vila Nova (foto), expert em gerenciamento de negócios na gastronomia. Abdo está promovendo uma revolução no cardápio: criando pratos, renovando outros, numa notável consolidação de uma cozinha mais contemporânea. Nessa última visita dividi alguns pratos com amigos para poder provar vários, por isso as porções estão menores nas fotos. Quem conhece a mesa pernambucana sabe que ela é marcada pela fartura.
Comece sua refeição com o encorpado caldinho de feijão (R$ 9). A bonita montagem traz crispy de couve e um ovo de codorna apoiados em tiras de bacon. Acompanham ainda picles de maxixe e um gomo de laranja cravo.
O pastel de chambaril (R$ 9) também não deve ser ignorado. Traz o ossobuco preparado à moda pernambucana mas desfiado e finalizado com ovo cozido. A massa, rústica, é espessa na medida, e traz aquele gostinho de comida caseira.
A pescada ao perfume de moqueca (R$ 65 – na foto em porção reduzida) vem com camarão e requeijão Campo da Serra, sobre arroz finalizado em molho cremoso de moqueca, onde se sobressai o dendê. A palha de batata doce confere textura e um leve adocicado ao prato.
O salmão Brennand (R$ 58 – na foto em porção reduzida) é grelhado e recebe nuts com manteiga e mel. Vem acompanhado por uma musseline de couve-flor, mas o destaque fica mesmo para os legumes glaceados, frescos e tenros.
A paleta no cajueiro (R$ 52 – na foto em porção reduzida) traz o medalhão de cordeiro sobre um gostoso roti de caju com cubinhos da fruta. Acompanha uma musseline de batata doce com pó de hortelã e uma farofinha de castanha.
Estava ansioso para provar o arroz de chambaril (R$ 42 – na foto em porção reduzida). Feito com arroz vermelho em um potente ragu de ossobuco desfiado, vem com limão para quebrar um pouco da untuosidade. As telhas de milho são feitas na casa e conferem crocância ao prato, que traz ainda um osso com tutano, pequena joia da cozinha regional.
A carne de sol Castelus (R$ 54 – na foto em porção reduzida) surpreendeu. Feita com corte Angus, é macia e muito saborosa. O inusitado fica por conta do caldo de feijão preto, que funciona muito bem como molho. Completam o prato um purê de abóbora, folhas de couve fritas e um arroz cremoso do sertão que, de tão gostoso, poderia ser degustado puro.
Eu já conhecia a paella recifense (R$ 62), por isso apenas provei o prato. Ele traz o arroz com açafrão cozido na água e no leite de coco, num refogado que mistura charque, cordeiro, mexilhão, lula, marisco, camarão, lagosta e frango, além de lascas de coco verde. O prato está bem mais leve, colorido, mas não menos saboroso.
Uma das novas sobremesas é o pomar de chocolate (R$ 26), um bombom recheado com ganache de chocolate meio amargo. Ladeiam o doce um surpreendente toffee de cajá, doce de acerola e creme de cupuaçu, além de terra de cacau. A brincadeira consiste em quebrar o bombom e ir recheando com todas essas delícias.
Mas eu me apaixonei mesmo foi pelo caju cartola (R$ 25). Nessa recriação da tradicional sobremesa pernambucana, a banana é substituída pelo doce de caju, que acomoda o queijo manteiga tostado. Uma beleza! O doce traz ainda farofinha de castanha com canela e sorvete de castanha.
Fachada do restaurante, toda feita em tijolinhos e com belos vitrais. No interior, estátuas e quadros dividem a atenção com um grupo de jazz, que embala as tardes da casa.
Castelus Restaurante – mapinha aqui
R. Mário Campelo, 700 – Várzea, Recife/PE – Tel. (81) 3423-4122
Fotos: Marcelo Katsuki/Folhapress