Dieta flexitariana e outras tendências na gastronomia em 2021
Revendo o relatório de tendências em alimentos e bebidas da Baum+Whiteman do ano passado, duas pressuposições foram certeiras: a substituição cada vez maior da carne por vegetais em hambúrgueres e afins e a expansão do segmento de “ghost kitchens”, as cozinhas virtuais que ocupam espaços compartilhados.
A primeira, adotada até pelas gigantes do mercado, se mostrou uma opção atraente em função do alto preço da carne e do aumento no consumo de produtos vegetarianos; já a segunda, foi uma consequência, ou ainda, uma solução imposta pela pandemia para muitos empresários e para empreendedores que viram ali uma oportunidade de negócio.
Mas o que esperar de 2021 depois de um ano tão atípico? Nem as consultorias especializadas se arriscam muito com previsões pontuais. O foco são as grandes mudanças comportamentais. Abaixo, uma seleção de alguns pontos pinçados do relatório da Baum+Whitemanm, consultoria de restaurantes com sede em Nova York.
• O grande desafio para os restaurantes em 2021 será reinventar a experiência de comer fora de uma maneira calorosa e feliz. Com distanciamento social, serviço reduzido e menos comemorações, retomar a interação humana, enquanto não acontece a imunização da população, é o ponto crucial.
• O adeus aos menus impressos com o uso do QR code, que já vimos em 2020, deve evoluir para o pedido direto do celular para a cozinha, agilizando o serviço. Mas se a tônica é manter o calor humano, os garçons devem ter seu posto garantido.
• A comida instagramável deve dar espaço, cada vez mais, à comida reconfortante de alta qualidade: de assados perfeitos a molhos de tirar o fôlego executados por chefs que partiram para empreitadas pessoais em restaurantes pop-ups ou como personal chefs.
• Produtos com as marcas de restaurantes famosos nas cozinhas caseiras. Quantos restaurantes não estão vendendo pães, azeites, conservas, molhos e congelados com sua marca? A previsão é de que esse fenômeno ganhe ainda mais força como uma forma de incrementar os rendimentos.
• Comer globalmente em casa. Você não precisa ir ao Egito ou a um restaurante egípcio para sentir o sabor de sua culinária. Temperos exóticos deve ganhar destaque, como o Dukkah, que mescla especiarias egípcias e pode ser usada com pescados, aves e até iogurte. Jerk Seasoning, da Jamaica, Tajin, do México e até o nosso Tempero Baiano são algumas sugestões de ingredientes que devem colorir os sabores nas cozinhas domésticas.
• A cozinha africana e afro-americana deve despontar nos EUA, com novos restaurantes e uma safra abundante de livros de receitas sobre o tema, com autores como Marcus Samuelsson, Hawa Hassan e Julia Turshen.
• Dieta do ano: flexitariana. O consumidor está repensando o consumo da proteína animal e abrindo espaço cada vez mais para os alimentos de origem vegetal. Você não precisa virar vegano ou vegetariano para consumir produtos voltados para esse mercado, mas pode substituir ocasionamente a carne animal por alimentos de origem vegetal, que trazem benefícios à saúde e ao meio ambiente.
Fonte: Baum+Whiteman International Food and Restaurant Consultants
Foto: Marcelo Katsuki/Folhapress