Conheça o awamori, destilado mais antigo do Japão que está chegando ao Brasil

Marcelo Katsuki

Depois do saquê e do shochu, chegou a vez do awamori, destilado típico da região de Okinawa, aportar em terras brasileiras. Os três são considerados as bebidas alcoólicas nacionais do Japão, mas o awamori ainda é pouco conhecido por aqui, apesar de seus 600 anos de história.

Até hoje era possível provar a bebida apenas quando alguém trazia na mala ou, com alguma sorte, em algum restaurante de cozinha okinawana. A boa notícia é que o destilado está chegando comercialmente ao país, com apoio da Jetro (Japan External Trade Organization), que realizou um evento no restaurante Kinoshita há alguns dias para apresentá-lo à imprensa.

 

A cônsul-geral adjunta do Consulado Geral do Japão, Chiho Komuro. À esquerda, o diretor-presidente da Jetro, Hiroshi Hara. (Foto: Marcelo Katsuki/Folhapress)

O awamori e o saquê são produzidos a partir do arroz, mas o que os diferencia é que o saquê é apenas fermentado, enquanto o awamori passa por uma destilação, assim como o shochu, motivo pelo qual as duas bebidas costumam ser comparadas. “Mas o shochu pode ser feito a partir de vários destilados de amido, como batata, trigo sarraceno e cevada, enquanto o awamori só pode ser feito com arroz tailandês do tipo longo e usa um fungo de Okinawa chamado kuro koji“, esclareceu a sommelière de saquê, Yasmin Yonashiro, que apresentou e serviu a bebida durante o evento.

 

Yasmin Yonashiro e a sommelière Andréa Machado.

O awamori apresenta de 30% a 43% abv (álcool por volume), podendo chegar a 25% abv nos produzidos para exportação. Os exemplares mais envelhecidos reservam também algumas surpresas como complexidade de aroma e de sabor, resultado do estágio em ânforas de cerâmica e da destilação, realizada apenas uma vez, o que preserva grande parte das características do mosto –a vodca, que possui um perfil mais neutro, costuma ser destilada até cinco vezes.

Após três anos de repouso, o awamori já pode ser chamado de kuusu, que significa “bebida envelhecida”. E quanto mais envelhecido, mais sedoso e doce ele ficará, mesmo após o seu engarrafamento. O preço da garrafa de 720 ml varia de R$ 263,43 (Awamori Mild Mizuho, na Adega de Sakê) a R$ 659,00 (Awamori Koto Shuri, na e-sakê).

 

Yasmin Yonashiro brinda com a mixologista Suemi Uemura.

E como beber o awamori? Durante o evento degustamos o destilado puro, on the rocks, morno e no preparo de um coquetel feito com mel cítrico e tônica (a receita está no final do post), mostrando a versatilidade da bebida. Na harmonização, ele se mostrou perfeito em combinações com variados pratos: de um simples edamame (soja verde) a iguarias como ovas de tainha curadas e tempurá de camarão.

Na versão servida com gelo, o awamori foi revelando todas as suas nuances de aroma e sabor conforme ia se diluindo com a água, uma das minhas versões preferidas. Mas sua utilização no coquetel também foi muito apreciada. A mixologista Suemi Uemura, que também participou do evento, vê grande potencial do awamori na coquetelaria: “Seu teor alcoólico médio de 30% é perfeito para drinques leves e refrescantes e também para coquetéis mais potentes e equilibrados”, observou.

Os cinco tipos de awamori, com diferentes graus de envelhecimento e de teor alcoólico, produzidos pela destilaria Mizuho.

São cinco os awamoris que estão sendo importados: Awamori Mizuho (3 anos, 25% abv), refrescante e adocicado; Awamori Kotoshuri (10 anos, 25% abv), frutado e com notas de baunilha; Awamori Mild Mizuho (5 anos, 25% abv), refrescante e suave;  Awamori Mizuho Gold (3 anos, 30% abv), suave e adocicado, também com aroma de baunilha e Awamori Mild Mizuho (25% abv), de aroma e sabor suave.

 

Fatias de karasumi (ovas de tainha curadas com saquê e sal) servidas sobre fatias de maçã verde e Black Cod Missô-yaki, pratos do restaurante Kinoshita servidos no encontro.

Chiho Komuro, cônsul-geral adjunta do Consulado Geral do Japão, conversa com Hiroyuki Saito, diretor da Jetro, e Hiroshi Kawazoe, diretor da Nippon Bebidas.

A sommelière Andréa Machado mostrou-se entusiasmada com a complexidade aromática da bebida: “o awamori mais envelhecido traz aromas amendoados e toffee enquanto sua versão jovem apresenta um frescor quase herbáceo, com até certa picância, que atiça o olfato e coça o nariz. Na boca, a untuosidade te leva para perto dos saquês, com muito umami, o que faz salivar”, descreve.

 

O produtor cultural Jo Takahashi e a sommeliere Yasmin Yonashiro.

O awamori é também conhecido por traduzir a alma de Okinawa, terra da longevidade, dos sabores vigorosos e também da alegria de viver. Ou seja, tudo a ver com o espírito brasileiro.

 

O refrescante coquetel servido no evento e que leva o Awamori Mizuho.

Highball por Yasmin Yonashiro
Ingredientes:
• 60 ml de Awamori Mizuho 3-25
• 25 ml Honey Citron diluído com um pouco de vinagre cítrico
• Água tônica

Em um copo alto e com bastante gelo coloque o Awamori, a mistura de mel com vinagre e complete com a tônica. Misture com uma colher bailarina para gelar a bebida e sirva.

O awamori está sendo importado com exclusividade pela Nippon Bebidas e pode ser encontrado nos sites da Adega de Sakê e da e-sake.

(Fotos: Rafael Salvador/Divulgação)