Glouton traz frescor à cena gastronômica mineira
O nome poderia sugerir mais um bistrô francês mas o Glouton serve cozinha contemporânea consistente, marcada pela técnica apurada e pelo uso de ingredientes locais. Esse pode não ser um discurso novo mas basta uma primeira garfada para se sintonizar com a afinada cozinha do chef Leonardo Paixão, onde molhos e acompanhamentos com uma nova abordagem podem ser os protagonistas de uma refeição.
Talvez a formação francesa do chef justifique o nome e alguns itens que decoram o aconchegante salão. Sua formação em medicina certamente aparece na elaboração de pratos como a papada reconstituída com mil-folhas de mandioca. E o uso de ingredientes brasileiros é uma forma de aproximar o cliente, que se encanta com as distintas e saborosas aplicações feitas pelo chef.
“Tenho uma grande preocupação em manter o padrão de sabor e de apresentação dos pratos”, conta Leonardo, que diz ser esse o motivo do sucesso de seu restaurante, com filas de espera mesmo durante a semana. Na verdade há ainda outras razões. Da criatividade das receitas e seus sabores pungentes ao serviço afinado, tudo corre em perfeita harmonia com o envolvente jazz que ecoa pelo salão.
A seguir, uma amostra de alguns pratos de uma degustação realizada no restaurante, em porções menores. “Meus pratos trazem porções generosas, bem ao gosto da clientela mineira, que preza uma boa refeição”, conta o chef.
A degustação começou com uma salada com picles de nabo, queijo da serra da Canastra ralado, castanhas, brotos e flores.
As bombinhas trazem um sedoso paté de fígado de galinha com picles de maxixe (R$ 29 a porção) e agradam até quem não gosta de fígado.
Funcho baby com terrine de porco e caramelo de beterraba.
A primeira entrada trazia polvo macio, purê de batata doce e picles de cebola roxa (R$ 37 – na foto, versão reduzida do prato).
Lagostim em papillote crocante com chutney de manga ubá e pimenta biquinho (R$ 35 – na foto, versão reduzida do prato)
A arraia grelhada com salada de feijão fradinho (R$ 61 – na foto, versão reduzida do prato) tem na bérnaise de manteiga de garrafa seu grande trunfo. Um molho preparado no sifão, que confere leveza à textura e suaviza o sabor do ingrediente.
A papada de porco braseada e assada (R$ 63 – na foto, versão reduzida do prato) servida com mil-folhas de mandioca em molho de laranja foi um dos pratos mais saborosos que comi no ano passado, quando o chef participou de um jantar no Inova, evento na Paraíba (clique aqui para ver o jantar).
Agora conheci a Rabada no tucupi, que tem tudo para ser um dos pratos desse ano: a acidez do tucupi emoldura perfeitamente a untuosidade desse cubo de carne.
O entrecôte de angus grelhado com molho Dijon e ervas (R$ 75 – na foto, versão reduzida do prato) vem no ponto, com batatinhas perfeitas.
Cerrado Mineiro (R$ 23) é o nome dessa sobremesa, com coulis de coquinho azedo, sorbet de cagaita, crocante de pera e pó de buriti.
Mas guarde espaço para o Pão, pão, pão, pão (R$ 23), sobremesa com rabanada de brioche, creme de pão de mel, torrada caramelizada e sorvete de pão com manteiga (isso mesmo!). 4 vezes pão. 4 vezes reconfortante.
O chef Leonardo Paixão em sua cozinha, aberta para o salão e com um balcão onde é possível comer observando o trabalho do chef.
Fachada do restaurante, com um gostoso terraço, perfeito para essas noites quentes.