Aprenda a receita do melhor bolinho de carne, um clássico dos botecos

Marcelo Katsuki

Apesar de tantos petiscos hypados como o bolovo, a panceta crocante e o dadinho de tapioca, meu coração segue batendo forte pelo prosaico bolinho de carne. A gente pouco vê nos cardápios dos novos bares, embora haja alguns icônicos como o do Bar do Luiz Fernandes e o do antigo bar do Jiquitaia. Esse último, por sinal, inspirado no bolinho do Mercado Municipal de Londrina, no Paraná, terra do chef Marcelo Corrêa Bastos (e que motivou este post).

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Estive ontem nesse mercado, também conhecido como Shangrilá, e aproveitei para provar o petisco no Assada & Cia, bar e entreposto de produtos orientais. Pedi o bolinho no caixa e, surpresa: não tinha onde se sentar. Bar lotado até no minúsculo balcão –e olha que ele ocupa os dois corredores do mercadão.

Ainda dei sorte de pegar o último bolinho, pois a funcionária mal conseguia repor o salgado no display. A bacia lotada chegava da cozinha e evaporava. Quando apareceu outra leva, reservei três para viagem. E comi de pé, no meio da lojinha, observando o movimento local e fuçando uns tabletes de curry e alguns cortadores de legumes.

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Bacia dos sonhos.

O bolinho é um disco de carne de tamanho médio. Empanado, com uma capinha firme e interior macio e bem temperado. Lembrou-me muito do bolinha da minha mãe, mas nesse, nota-se a presença do pão amaciando o miolo. Mainha não usa pão, apenas um pouco de farinha de trigo para dar liga. “Se quise, pode adicionar duas colheres de farinha de rosca na massa”, diz. Mas para ela, bolinho de carne deve ter apenas carne, o que confere uma textura mais firme, mais roots.

 

Meu veredito final? Muito bom, mas ficou faltando uma cerveja, rs. Tive que sair correndo para pegar os assados encomendados e uma sobremesa para o almoço na casa da minha irmã, que também provou o bolinho e gostou. Da próxima vez vou chegar mais cedo, pedir aquela bacia e um bom goró para acompanhar.

Pensando nesse momento de descontração, decidi publicar aqui a receita do bolinho de carne de mainha, que tem o sabor muito parecido com o do Assada. A diferença é que ela coloca um tomate, provavelmente para deixar mais molhadinho, já que não leva pão umedecido. E também não vai pimenta (notei uma leve ardência, mas bem gostosa. Até completei com a pimenta da casa). Mainha tem ainda uns truques de fritura bem interessantes e que compartilho abaixo.

 

Bolinho de carne

Ingredientes:
– 500 g de carne moída (patinho)
– 1 cebola média picada em cubinhos
– 1 tomate picado em cubinhos (sem sementes)
– 1 ovo (levemente batido)
– 1 colher (sopa) de farinha
– 2 colheres (sopa) de farinha de rosca (opcional)
– salsinha e cebolinha picadas
– sal e pimenta-do-reino a gosto

 

Básico, não? Pois é só misturar tudo com as mãos, moldar os discos e empanar:

– Passe o bolinho na farinha de trigo.
– Depois banhe em uma mistura de um ovo batido com 50 ml de leite e um pouco de sal.
– Empane em farinha de rosca caseira (ou panko, para ficar bem crocante).
– Frite por imersão em uma frigideira funda com óleo bem quente.

 

Algumas dicas preciosas:
– Você pode empanar apenas na farinha. Nesse caso, o bolinho vai ficar mais rústico, sem capinha mas com uma crosta de carne firme e saborosa.
– Para frituras bem sequinhas, empane usando apenas a clara. Reserve a gema para outra receita.
– Parece loucura, mas se você mergulhar o empanado em uma tigela com água gelada e escorrer, no momento de fritar, ele vai ficar ainda mais crocante. Mas deixe escorrer bem a água para não espirrar óleo.

 

Bolinho empanado apenas na farinha.

Bom, é isso, pessoal. Bom domingo e bons bolinhos!

(Fotos: Marcelo Katsuki/Folhapress)